As cores desempenham um papel fundamental na maneira como percebemos e nos conectamos com o mundo ao nosso redor. Quando se trata de branding, escolher as cores certas pode fazer toda a diferença na forma como uma marca é percebida e lembrada pelo seu público-alvo. Neste artigo, vamos explorar o impacto das cores na construção da identidade visual e do posicionamento de uma marca e como elas podem influenciar as emoções e comportamentos dos seus clientes.
Ao considerar a escolha das cores para uma marca, é crucial entender o significado e o simbolismo por trás de cada tonalidade. Autores renomados como Eva Heller, autora do livro "A Psicologia das Cores", oferecem insights valiosos sobre como as cores podem evocar emoções e influenciar o comportamento humano e a importância de uma paleta de cores significativa e consistente para transmitir a mensagem e os valores de uma marca de maneira eficaz.
A escolha das cores não deve ser feita de forma aleatória, mas sim com base na compreensão do público-alvo, objetivos da marca, segmento de atuação e até mesmo os concorrentes.
Por exemplo, o azul escuro é frequentemente associado à confiança e à seriedade, sendo uma escolha popular para marcas que desejam transmitir profissionalismo e confiabilidade como instituições financeiras, consultorias jurídicas ou de gestão empresarial. Da mesma forma, o vermelho vivo pode evocar emoções de paixão e energia, sendo utilizado por marcas que buscam se destacar e criar um senso de urgência (como clínicas médicas, farmácias) ou prazer (como sex shops, motéis e cadeias de fast-food).
No entanto, os padrões estabelecidos também podem ser rompidos uma vez que a estratégia de posicionamento da marca objetiva a diferenciação ou a disrupção do segmento.
Fazendo um exercício de imaginação: Vamos pensar no padrão do segmento de escritórios de advocacia. A grande maioria dos escritórios ainda tem uma identidade visual bastante conservadora, utilizando cores escuras (preto, azul, marrom) combinadas com tons neutros ou pastéis (bege, cinza ou verde oliva).
Agora vamos imaginar uma consultoria jurídica, especialista em direito trabalhista, que apresenta na sua identidade as cores ciano (predominante), violeta (complementar) e preto (auxiliar - apenas para textos). Logo, vamos pensar que se trata de um escritório diferente do restante das consultorias, com uma abordagem de atendimento diferenciada, com uma equipe mais jovem ou até mesmo um atendimento mais digital.
Essa foi a estratégia do Nu Bank quando foi lançado. Olhou para o mercado, viu qual era o “padrão” do segmento e para mostrar que fazia diferente (não apenas no discurso) inovou também na paleta de cores. O cartão “roxinho” é reconhecido de longe em qualquer estabelecimento.
Nem sempre é vantajoso desviar-se drasticamente do padrão do segmento. Em alguns casos, alinhar-se aos líderes do mercado pode ser uma abordagem estratégica mais eficaz, sugerindo uma afinidade com os atributos essenciais que o público valoriza. O importante é fazer uma diferenciação no repertório gráfico (estilo de imagens, ilustrações, texturas e ícones) ou no discurso narrativo da marca.
O banco digital Inter, por exemplo, trabalha a mesma paleta de cores do Itaú, o que gera desconfiança se um não pertence ao outro. Uma vez que muitos bancos tradicionais criaram versões digitais para se aproximar de um público mais jovem. O Itaú fez isso, mas o banco digital do Itaú é o Iti e não o Inter. =)
É importante lembrar também que a percepção das cores pode variar culturalmente, e o que funciona bem em uma região pode não ter o mesmo impacto em outra.
Por isso, é essencial um processo de imersão no universo do cliente através de entrevistas e pesquisas para garantir que as cores escolhidas argumentem a favor da estratégia estabelecida para a comunicação da marca.
Além de transmitir emoções e valores, as cores também desempenham um papel prático na identidade visual de uma marca. Uma paleta de cores consistente e bem definida ajuda a criar uma experiência visual consistente em todos os pontos de contato com o seu cliente, desde o logotipo até o site e materiais de comunicação.
Hoje quando dizemos as palavras telefonia e roxo, não pensamos na Claro. Quando pensamos em avião e laranja, não pensamos na Latam. Quando sugerimos um refrigerante vermelho, não pensamos em Pepsi. O poder das cores na construção da identidade visual e da estratégia de comunicação da marca é inegável.
Ao entender o significado por trás de cada cor e como elas podem influenciar as emoções e comportamentos dos consumidores, além de criar diferenciação e segmentação dentro do seu mercado.